As provocações ateístas aqui publicadas abrangem crenças monoteístas e politeístas.
PROVOCAÇÃO - I
Como se pode afirmar que Deus existe e, ao mesmo tempo, que Deus é uma impossibilidade lógica? Na verdade, muitos diriam que é uma afirmação irrefutável, já que normalmente se afirma que uma impossibilidade lógica não pode existir. Mas preferem dizer que essa opinião exige uma retratação, pois se se acredita que impossibilidades lógicas possam existir, que critérios poderá se usar para determinar se qualquer coisa neste mundo é possível ou não?
PROVOCAÇÃO - II
É estranho dizer que Deus seja uma impossibilidade lógica, e não saber se Ele existe. Se Deus é uma impossibilidade lógica, então certamente Ele não pode existir, e assim você sabe que Ele não existe.
PROVOCAÇÃO - III
Se não se acha justificável que uma crença sobre o mundo exterior se baseie numa firme convicção interna (Fé), sem levar em conta evidência externas (ou falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção, como se pode então rejeitar a teoria evolucionista, se a grande maioria dos cientístas acha que as evidências indicam veracidade? Muitos criacionistas afirmam que o argumento da evidência da evolução não é absolutamente conclusivo. Mas, ao fazerem isso, eles vão contra a grande massa da opinião científica. A reflexão nesse caso é, portanto, afirmar que há evidências de que a evolução não seja verdadeira, apesar do que afirmam os cientistas.
PROVOCAÇÃO - IV
Se se afirma que Deus não existe e também diz-se que se ele não existir não há nenhuma base para a moral, então está-se comprometido com a opinião de que não existe base alguma para a moral. Isso significa que se se afirma que torturar pessoas inocentes é moralmente errado, então, a tortura é feita sem base moral nenhuma. Portanto, não se pode racionalmente afirmar que qualquer ato seja moralmente errado. Evidentemente, não se pode dizer que isso é errado por motivos não racionais, mas é bom lembrar de que essa atividade refere-se à racionalidade das convicções das pessoas.
PROVOCAÇÃO - V
Existe uma incongruência em se dizer não saber se Deus existe, e que se ele não existe não há fundamento para a moral e ainda, que torturar gente inocente é moralmente errado. Mas se não se sabe que Deus existe, então tampouco se sabe se existe um fundamento para a moral. Isso quer dizer que não se está racionalmente capacitado para qualificar qualquer ato como moralmente errado: o individuo deveria ser tão agnóstico a respeito dos seus julgamentos morais quanto sobre sua crença em Deus.
PROVOCAÇÃO - VI
As afirmações de que Deus existe e que tem conhecimento do sofrimento e que quer e pode reduzi-lo não são compatíveis com o dizer de que não há propósito mais elevado que explique as pessoas terem mortes dolorosas e sofridas. Se não houvesse um tal propósito, por que Deus permitiria essas coisas? Com certeza, um Deus que sabe da dor do mundo e quer e pode curâ-la acabaria com esse sofrimento absurdo, a menos que houvesse um propósito mais elevado.
PROVOCAÇÃO - V
Muitas pessoas não aceitam que um Deus amoroso - um Deus que possua grande poder e percepção - tenha criado um mundo em que as pessoas precisem sofrer horrivelmente por algum propósito mais elevado.
Não há uma contradição lógica nessa aceitação, mas alguma pessoas argumentam que isso é revoltante. Estas pessoas não conseguem realmente olhar nos olhos de alguém que está morrendo de alguma horrível doença degenerativa e lhe dizer que tal sofrimento é pelo bem naior dele ou do mundo.
PROVOCAÇÃO - VI
Qualquer ser que seja correto chamar-se de Deus deve desejar o mínimo de sofrimento possível no mundo, como pode também se afirmar que Deus tem o poder de tornar moralmente aceitável tudo o que agora se considera pecaminoso, e de tornar pecaminoso tudo o que agora se considera moralmente bom? O que isso significa é que Deus tornaria a redução do sofrimento um pecado ... ... No entanto, isso contradiria a afirmação de que Deus deve desejar a redução do sofrimento. O jeito de sair dessa contradição é afirmar que é possível que Deus deseje o pecado: Ele deve desejar reduzir o sofrimento, mas também pode tornar a redução do sofrimento um pecado, tornando pecado aquilo que desejou.
PROVOCAÇÃO - VII
O resultado de se afirmar que Deus é a base da moral e que, se Ele existe, não pode tornar bom o que é pecado e vice-versa. O problema é que se Deus fosse a base da moral, poderia decidir o que é bom e o que é mau. Mas se Deus não pode tornar pecado o que é bom e vice-verda, então as coisas devem ser certas ou erradas independentemente do que Ele decidir. Em outras palavras, Deus escolhe o que é correto porque é correto; as coisas não são corretas porque Deus as escolheu. (porque Deus as escolheu?) Mas se isso for verdade, então há uma base para a moral mesmo que Deus não exista.
PROVOCAÇÃO - VIII
Não se pode afirmar que a teoria evolucionista seja essencialmente verdadeira e, ao mesmo tempo, que seja uma tolice acreditar em Deus sem provas concretas e irrefutáveis da Sua existência. O problema é que não há nenhuma prova concreta de que a teoria evolucionista seja verdadeira - muito embora haja esmagadoras evidências de que sim. Como se pode ver, coerentemente, exigir provas concretas e irrefutávis da existência de Deus e aceitar a teoria evolucionistas sem provas concretas? Aceitar estas premissas bastaria se afirmar que para se acreditar em Deus é preciso uma prova maior do que para se acreditar na evolução.
PROVOCAÇÃO - IX
Vêm da contradição de se acreditar tanto que é válido basear suas crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidências externas (ou a falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção, quanto que é um tolice acreditar em Deus sem uma prova concreta e irrefutável da Sua existência. Porém uma firme convicção interna nunca será uma prova concreta, já que sabemos que as pessoas costumam ter convicções firmes sobre coisas falsas.
PROVOCAÇÃO - X
Alguns concordam que é racional acreditar que o montro do lago Ness não existese não há fortes evidências ou argumentos da sua existência. Não se exige nenhuma prova ou argumento para demonstrar que o monstro do Lago Ness não existe: bastou a falta de evidências ou de argumentos. Mas aí, afirmam que os ateus precisariam dar sólidos argumentos ou evidências, caso a crença na não existência de Deus fosse uma questão de razão e não de fé. A contradição é que, no primeiro caso (o monstro do lago Ness), eles acharam que a ausência de provas ou de argumentos bastava para justificar racionalmente a crença na não existência daquele monstro, mas no segundo caso (Deus) eles não acharam isso.
PROVOCAÇÃO - XI
Muitos declaram que se não houver argumentos ou evidências muito fortes de que Deus não existe o ateísmo é uma questão de fé, não de racionalidade. Portanto alguns acham que a simples falta de provas da existência de Deus seja suficiente para justificar a convicção de que Ele não existe. Muito justo. Mas se eles afirmam não ser racional acreditar que o monstro do lago Ness não existe mesmo se, apesar de anos de buscas, não surgiu nenhuma evidência de que ele existe?
Não há nenhuma inconsistência lógica aqui, mas, ao negar que a falta de provas baste para justificar a crença na não existência das coisas, então haverá necessidade de defender certas possibilidades que a maioria das pessoas acharia bizarras. Por exemplo pode-se de fato declarar que não é racionalmente válido acreditar que aliénigenas inteligentes não vivam em Marte? Aqui há uma ardilosa dupla negação, mas ela é necessária. A questão é que se sustentada essa opinião sobre a relação entre falta de provas e descrença, jamais será racional acreditar que qualquer coisa não exista - elfos, fadas, adolescentes cordiais - amenos que se possa provar de fato que eles não existem.
PROVOCAÇÃO - XII
Muitos afirmam que não é justificável basear as próprias crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidência externas (ou falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção. Mas, se pensar assim, não se poderá dizer também que um criminoso etá certo ao basear suas crenças a respeito da vontade de Deus única e precisamente nessa convicção.
O exemplo do criminoso deixou claro que na prática, alguns não concordam de fato que qualquer crença se justifique só porque a pessoa está convencida da sua verdade.
PROVOCAÇÃO - XIII
Se existe coerência ao aplicar o princípio de que é válido basear as próprias crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidências externas (ou falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção, então terá que se aceitar que as pessoas podem estar justificando em sua convicção de que coisas terríveis são certas. Uma em cada dez pessoas é coerente nisso, concordando assim, que um criminoso está justificado ao acreditar que realiza a vontade de Deus. Mas também pode-se achar que Deus define o que é bom e que é ruim? Para ser coerente tem que se achar que o criminoso está justificado por achar que age moralmente quando age conforme sua convicção interna, uma vez que le acredita sinceramente que está cumprindo a vontade de Deus, e ela é moralmente certa. Dizer que um criminoso está justificado ao acreditar que age moralmente não é a mesma coisa que achar ele está justificado ao agir assim. Mas como vai se provar que a primeira afirmação (que já é bastante perturbadora) não leva à segunda? É válido basear as próprias crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidência externas (ou a falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção.
Isso significa aceitar que as pessoas achem válida a crença de que Deus possa exigir delas algo terrível. Muitas pessoas religiosasaceitam isso de bom grado. Por exemplo Kierkegaard acreditava que o ato de Abraão de tentar sacrificar seu filho foi o ato supremo de fé justamente porque Abraão teve de transgredir a moral estabelecida para seguir a vontade de Deus. Mas, como o filósofo também enfatizou, isso torna esse ato incompreensível de um ponto de vista racional. A alternativa racional - que as pessoas deveriam exigir mais que uma convicção interna assim para justificar tal crença - é mais atraente para a maioria das pessoas.
PROVOCAÇÃO - XIV
Se houver coerência ao aplicar o princípio de que é válido basear-se nas próprias crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidências externas (ou falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção.
Isso significa aceiter que as pessoas achem válida a crença de que Deus possa exigir delas algo terrível. Muitas pessoas religiosas aceitam isso de bom grado. Por exemplo, Kierkegaard acreditava que o ato de Abraão de tentar sacrificar seu filho foi o ato supremo de fé justamente porque Abraão teve que transgredir a moral estabelecida para seguir a vontade de Deus. Mas, como o filósofo também enfatizou, isso torna esse ato incompeensível de um ponto de vista racional. A alternativa racional - que as pessoas deveriam exigir mais que uma convicção interna assim para justificar tal crença - é mais atraente para a maioria das pessoas.
PROVOCAÇÃO - XV
Ao se concordar que qualquer ser ao qual seja correto chamar-se de Deus deve ser livre e ter o poder de fazer qualquer coisa, está pronto para se contradizer, já que não se colocou nenhum limite ao que seja essa "qualquer coisa". Daí que, se mais tarde se afirmar que Deus não tem a liberdade e o poder para fazer coisas impossíveis, como criar círculos quadrados, então Deus não é livre, e tampouco tem o poder de fazer o impossível. Isso requer que se aceite - juntamente com a maioria dos teologos, porém se contradizendo - que a liberdade e o poder de Deus não são ilimitados. Ele não tem a liberdade e o poder de fazer literalmente qualquer coisa.
PROVOCAÇÃO - XVI
Afirmação: Deus tem a liberdade e o poder de fazer o que é logicamente impossível (como criar círculos quadrados). Ao se afirmar isso se estará declarando que qualquer discussão sobre Deus, e em última instância a realidade, não pode ser restringida pelos princípios básicos da racionalidade. Aparentemente isso tornaria impossível qualquer discurso sobre Deus. Se o discurso racional sobre Deus é impossível, então não ha nada racional que possamos dizer sobre Ele, e nada de racional que possamos dizer para sustentar nossa crença ou descrença n'Ele. Rejeitar assim as limitaçãoes racionais ao discurso religioso exige que se aceite que as convicções religiosas, estão além de qualquer debate ou discussão racional. Deus poderia definir os círculos e os quadrados à vontade, criando assim círculos quadrados. Mas isso não é logicamente impossível. O que é lógicamente impossível é criar um círculo quadrado: o quadrado tem quatro lados e o círculo, um. Não estamos falando do poder de Deus para reescrever o dicionário.
PROVOCAÇÃO - XVII
Se se concorda que é válidado basear suas crenças sobre o mundo exterior numa firme convicção interna, sem levar em conta evidências externas (ou a falta delas) da veracidade ou falsidade dessa convicção então, na se pode coerentemente dizer que não se justifica acreditar em Deus a partir dessas bases.