Esta doutrina não aceita o conceito tradicional de
verdade considerada como relação de conformidade entre o pensamento e seu
objeto. Se a verdade fosse uma adaptação do pensamento à realidade, dizem os
pragmatistas, não haveria divergência entre as correntes filosóficas
relativamente a essa verdade. O erro dos sistemas filosóficos resulta da função
da inteligência e do valor do conhecimento. Os conhecimentos possuem um valor
puramente instrumental, isto é, nada mais representa do que instrumentos ou
meios para a consecução de certos fins práticos.
Assim, não cabe à inteligência dizer o que são as
coisas, mas apenas mostrar em que elas nos são úteis e como nos podem servir. O
pragmatismo não se interessa, por conseguinte, pelo que possa ser verdadeiro em
si mas tão somente pelos resultados que advêm para a vida prática daquilo que
se considera como verdade. A verdade se caracteriza, portanto, pela utilidade,
pela eficácia, pelo sucesso que possa ter a ação. O conhecimento só é completo
quando se efetiva no ato.O pragmatismo, cujos principais representantes modernos são Pierce, Shiller, William James e John Dewey peca pela base ao confundir o conceito de verdade com o conceito de utilidade. A firmar que uma coisa é verdade é formular um juízo de realidade, enquanto que afirmar que uma coisa é útil é formular um juízo de valor. O conceito de verdade, refletindo a natureza real das coisas, é absoluto e universal, ao passo que o conceito de utilidade, variando no tempo e no espaço, é relativo e contingente. Outro erro do pragmatismo é esquecer o caráter racional do espírito humano que procura, antes de tudo, e de modo imperioso e irreprimível, conhecer, sem cogitar da utilidade das coisas. "O saber", dizia Amiel, "me satisfaz mais do que possuir, do que gozar, do que agir. A minha maior satisfação está em observar, compreender e contemplar".