Cientistas identificam ligação mente-corpo no cérebro humano
Descoberta está no chamado córtex motor, responsável por
coordenar os movimentos do corpo
Will
Dunham
O
relacionamento entre a mente e o corpo
humano é um assunto que desafia grandes pensadores há milênios, incluindo os
filósofos Aristóteles e Descartes.
A resposta, no entanto, parece residir na própria estrutura do cérebro.
Pesquisadores
disseram na quarta-feira (19) que descobriram que partes da região do cérebro
chamada córtex motor, que governa o movimento do corpo, estão conectadas a uma
rede envolvida no pensamento, planejamento, prontidão mental, dor e controle
dos órgãos internos, bem como funções como pressão
arterial e frequência cardíaca.
Eles identificaram um sistema previamente desconhecido dentro do córtex motor manifestado em vários nódulos localizados entre áreas do cérebro já conhecidas como responsáveis pelo movimento de partes específicas do corpo —mãos, pés e rosto— e são acionadas quando vários movimentos corporais diferentes são executados ao mesmo tempo.
Na
ilustração, os pontos coloridos em cada metade do cérebro humano indicam áreas
responsáveis pela coordenação de movimentos (córtex motor) que se conectam a
áreas ligadas ao pensamento e ao controle de funções corporais básicas, como
frequência cardíaca; quanto mais quente a cor, mais fortes a conexão - Reuters
Os
pesquisadores chamaram esse sistema de rede de ação somato-cognitiva, ou SCAN
na sigla em inglês, e documentaram suas conexões com regiões do cérebro conhecidas
por ajudarem a definir metas e planejar ações.
Descobriu-se
que essa rede também corresponde a regiões do cérebro que, conforme demonstrado
em estudos com macacos, estão ligadas a órgãos internos, incluindo o estômago e
as glândulas suprarrenais, permitindo que esses órgãos alterem os níveis de
atividade antes de realizar certas ações. Isso pode explicar respostas físicas
como sudorese ou aumento
da frequência cardíaca causadas pela mera perspectiva de uma tarefa
difícil, disseram eles.
O
córtex motor é uma parte da camada mais externa do cérebro, o córtex cerebral.
"Basicamente,
agora mostramos que o sistema
motor humano não é unitário. Em vez disso, acreditamos que existem
dois sistemas separados que controlam os movimentos", afirmou o professor
de radiologia Evan Gordon, da Escola de Medicina da Universidade de Washington
em St. Louis, autor principal do estudo publicado na revista Nature.
"Um
é para movimentos isolados de mãos, pés e rosto. Este sistema é importante, por
exemplo, para escrever ou falar —movimentos que precisam envolver apenas uma
parte do corpo. Um segundo sistema, o SCAN, é mais importante para movimentos
do corpo inteiro e está mais ligado a regiões de planejamento de alto nível do
cérebro", disse Gordon.
"A neurociência moderna
não inclui qualquer tipo de dualismo mente-corpo. Não é compatível com ser um
neurocientista sério hoje em dia. Eu não sou filósofo, mas uma declaração
sucinta é como se eu dissesse: 'A mente é o que o cérebro faz'. A soma das
funções bio-computacionais do cérebro compõe 'a mente'", disse o autor
principal do estudo, Nico Dosenbach, professor de neurologia na Escola de
Medicina da Universidade de Washington.
"Como
esse sistema, o SCAN, parece integrar planos-pensamentos-motivações abstratos
com movimentos e fisiologia reais, ele oferece uma explicação neuroanatômica
adicional sobre por que 'o corpo' e 'a mente' não são separados ou
separáveis", acrescentou Dosenbach.
Os pesquisadores decidiram usar técnicas modernas de imagens cerebrais para testar um mapa influente definido há 90 anos pelo neurocirurgião Wilder Penfield, das áreas cerebrais controlando o movimento. Suas descobertas mostraram que o mapa de Penfield, limitado pelas tecnologias de seu tempo, precisava de revisões.
O
SCAN foi identificado usando imagens de precisão em sete adultos para examinar
as características organizacionais do cérebro, depois verificadas em conjuntos
de dados maiores que, quando combinados, abrangem milhares de adultos. Imagens
adicionais identificaram o circuito SCAN em uma criança de 11 meses e outra de
9 anos, enquanto descobriu que ainda não havia se formado num recém-nascido.
Essas observações foram validadas em conjuntos de dados de centenas de
recém-nascidos e milhares de crianças de 9 anos.
A
pesquisa destacou como há mais a aprender sobre o cérebro humano.
"Na
verdade, o objetivo do cérebro é altamente discutido", disse Gordon.
"Alguns neurocientistas pensam no cérebro como um órgão destinado
principalmente a perceber e interpretar o mundo à nossa volta. Outros pensam
nele como um órgão projetado para produzir as melhores 'saídas' —geralmente uma
ação física— para otimizar a capacidade de sobrevivência e aptidão evolutiva em
qualquer situação."
"Provavelmente ambos estão corretos", acrescentou Gordon. "O SCAN se encaixa mais claramente na última interpretação: integra objetivos e planejamento com ações de corpo inteiro."
Na
ilustração, os pontos coloridos em cada metade do cérebro humano indicam áreas
responsáveis pela coordenação de movimentos (córtex motor) que se conectam a
áreas ligadas ao pensamento e ao controle de funções corporais básicas, como
frequência cardíaca; quanto mais quente a cor, mais fortes a conexão - Reuters
Os
pesquisadores chamaram esse sistema de rede de ação somato-cognitiva, ou SCAN
na sigla em inglês, e documentaram suas conexões com regiões do cérebro
conhecidas por ajudarem a definir metas e planejar ações.
Descobriu-se
que essa rede também corresponde a regiões do cérebro que, conforme demonstrado
em estudos com macacos, estão ligadas a órgãos internos, incluindo o estômago e
as glândulas suprarrenais, permitindo que esses órgãos alterem os níveis de
atividade antes de realizar certas ações. Isso pode explicar respostas físicas
como sudorese ou aumento
da frequência cardíaca causadas pela mera perspectiva de uma tarefa
difícil, disseram eles.
O
córtex motor é uma parte da camada mais externa do cérebro, o córtex cerebral.
"Basicamente,
agora mostramos que o sistema
motor humano não é unitário. Em vez disso, acreditamos que existem
dois sistemas separados que controlam os movimentos", afirmou o professor
de radiologia Evan Gordon, da Escola de Medicina da Universidade de Washington
em St. Louis, autor principal do estudo publicado na revista Nature.
"Um
é para movimentos isolados de mãos, pés e rosto. Este sistema é importante, por
exemplo, para escrever ou falar —movimentos que precisam envolver apenas uma
parte do corpo. Um segundo sistema, o SCAN, é mais importante para movimentos
do corpo inteiro e está mais ligado a regiões de planejamento de alto nível do
cérebro", disse Gordon.
"A neurociência moderna
não inclui qualquer tipo de dualismo mente-corpo. Não é compatível com ser um
neurocientista sério hoje em dia. Eu não sou filósofo, mas uma declaração
sucinta é como se eu dissesse: 'A mente é o que o cérebro faz'. A soma das
funções bio-computacionais do cérebro compõe 'a mente'", disse o autor
principal do estudo, Nico Dosenbach, professor de neurologia na Escola de
Medicina da Universidade de Washington.
"Como
esse sistema, o SCAN, parece integrar planos-pensamentos-motivações abstratos
com movimentos e fisiologia reais, ele oferece uma explicação neuroanatômica
adicional sobre por que 'o corpo' e 'a mente' não são separados ou
separáveis", acrescentou Dosenbach.
Os
pesquisadores decidiram usar técnicas modernas de imagens cerebrais para testar
um mapa influente definido há 90 anos pelo neurocirurgião Wilder Penfield,
das áreas cerebrais controlando o movimento. Suas descobertas mostraram que o
mapa de Penfield, limitado pelas tecnologias de seu tempo, precisava de revisões.
O
SCAN foi identificado usando imagens de precisão em sete adultos para examinar
as características organizacionais do cérebro, depois verificadas em conjuntos
de dados maiores que, quando combinados, abrangem milhares de adultos. Imagens
adicionais identificaram o circuito SCAN em uma criança de 11 meses e outra de
9 anos, enquanto descobriu que ainda não havia se formado num recém-nascido.
Essas observações foram validadas em conjuntos de dados de centenas de
recém-nascidos e milhares de crianças de 9 anos.
A
pesquisa destacou como há mais a aprender sobre o cérebro humano.
"Na
verdade, o objetivo do cérebro é altamente discutido", disse Gordon.
"Alguns neurocientistas pensam no cérebro como um órgão destinado
principalmente a perceber e interpretar o mundo à nossa volta. Outros pensam
nele como um órgão projetado para produzir as melhores 'saídas' —geralmente uma
ação física— para otimizar a capacidade de sobrevivência e aptidão evolutiva em
qualquer situação."
"Provavelmente
ambos estão corretos", acrescentou Gordon. "O SCAN se encaixa mais
claramente na última interpretação: integra objetivos e planejamento com ações
de corpo inteiro."