Novo estudo da Universidade de Bristol revela que, em 250 milhões de anos, o Sol estará muito mais quente, ameaçando a sobrevivência da maior parte dos mamíferos da Terra |
No calor extremo, planeta terá extinção de mamíferos, supercontinente e temperatura de até 70ºC
Estudo
da Universidade de Bristol usa inteligência artificial para projetar futuro
distante, em que os continentes se fundem em um único território, com
temperaturas que podem chegar a 70ºC
Estudo
da Universidade de Bristol usa inteligência artificial para projetar futuro
distante, em que os continentes se fundem em um único território, com
temperaturas que podem chegar a 70ºC
O calor extremo deve levar à extinção de todos os mamíferos
terrestres – entre eles, os humanos – em 250 milhões de anos, quando todos os
continentes terrestres voltarão a se unir, na altura dos trópicos. Será um
território extremamente quente, seco e, em grande extensão, inabitável.
Temperaturas podem alcançar até 70ºC, com altos níveis de umidade nesse
supercontinente chamado de Pangeia Última.
Os primeiros modelos climáticos aplicados para um futuro distante
mostram que, em 250 milhões de anos, o Sol se tornará mais quente e violentas erupções
vulcânicas lançarão grande quantidade de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera.
Isso tornará o planeta tão quente que a grande maioria dos
mamíferos não conseguirá sobreviver. Do futuro supercontinente, apenas de 8% a
16% serão habitáveis. O novo estudo, assinado por pesquisadores da Universidade
de Bristol, no Reino Unido, foi publicado nesta segunda-feira, 25, na
revista Nature Geoscience.
Grécia é um dos países que têm enfrentado incêndios e ondas de calor. Foto: Petros Giannakouris/AP |
Ao longo deste ano, o planeta tem visto com mais frequência os efeitos graves das mudanças climáticas. Entre os desastres vistos, estão as ondas de calor e incêndios na Grécia e no Havaí, as enchentes em Hong Kong e na Líbia, além do ciclones seguidos de temporais no Rio Grande do Sul, onde 49 pessoas morreram. Além do aquecimento global, a influência do El Niño tem intensificado os eventos climáticos, dizem os cientistas.
De forma geral, os mamíferos, incluindo humanos, são mais bem
adaptados a temperaturas baixas. Várias espécies, por exemplo, desenvolvem
pelagem espessa e mecanismos orgânicos, como a hibernação, para enfrentar os
períodos mais frios. Mas são menos adaptáveis a situações de calor extremo.
“O novo supercontinente reunirá três problemas: o efeito de continentalidade (que agrava o calor), um Sol efetivamente mais quente e o aumento do lançamento de CO2 na atmosfera (o que contribui para o aquecimento global)”, diz o principal autor do estudo, Alexander Farnsworth, da Universidade de Bristol. “O resultado é um ambiente muito mais hostil no que diz respeito à disponibilidade de alimento.”
Os cientistas estimam que os níveis de CO2 devem aumentar das atuais 400 partes por milhão (ppm)
para mais de 600 ppm na época da formação do supercontinente. Isso, claro, se o
homem parar de queimar combustível fóssil. Se isso não acontecer, esses valores
serão alcançados muito antes.
“Temperaturas de 40ºC a 50ºC, com picos extremos ainda mais altos,
junto com altos níveis de umidade vão selar o nosso destino”, disse Farnsworth.
“Humanos – e outras espécies – entrarão em extinção dada a sua inabilidade de
se proteger por meio do suor (que resfria nosso corpo) de
temperaturas tão altas.”
Os pesquisadores destacam que o nível de aumento de temperaturas
médias do planeta até agora já afeta a saúde humana. Dizem também que, embora o
aquecimento global seja uma consequência irreversível do aumento de emissões de
gases de efeito estufa nos últimos 150 anos, é preciso atuar para que as
mudanças climáticas ocorram mais devagar.