O ceticismo afirma que não podemos ter certeza em
coisa alguma. Todas as opiniões são igualmente incertas. A única atitude
legítima do espírito humano é a da dúvida permanente e integral.
Quanto à sua extensão, distingue-se o ceticismo
absoluto que se baseia na dúvida universal e o ceticismo relativo ou parcial
que pode ser: tradicionalista, quando só admite as verdades da fé; histórico,
quando nega o valor do testemunho; sensualista ou empírico, quando só acredita
nos dados dos sentidos; positivista, quando rejeita a metafísica. Quanto ao seu
objeto, distingue-se: ceticismo, que duvida da existência da verdade e do poder
da inteligência para alcançá-la; o moral, que não admite distinção entre o bem
e o mal; o religioso, que não aceita as verdades da fé.
O ceticismo é irracional e contraditório. Afirmar
que nada se pode afirmar é contradizer-se; é proclamar que uma coisa é e não é,
ao mesmo tempo. O ceticismo absoluto é, por conseguinte, impossível, uma vez
que só se pode afirmar negando-se a si mesmo. É, além disso, inconseqüente,
pois se conduz na prática, como se conhece-se a verdade. Os pensamentos, o raciocínio,
as palavras, as ações dos céticos constituem um desmentido permanente à sua doutrina.
Para serem coerentes com seus pontos de vista, deveriam eles condenar-se ao
silêncio e à imobilidade. Pois pensar, querer e agir, implicam,
necessariamente, o conhecimento e a afirmação de verdades.