17_03

11.1 - POR QUE ADOTAR O ESPIRITUALISMO CIENTÍFICO?


Neste item, vou abreviar "cosmovisão materialista" por CM e "cosmovisão espiritualista científica" por CEC. Vejamos por que alguém poderia estar propenso a adotar esta última.

A CM é insatisfatória. No item 2 citei o problema da origem da matéria e da energia. No item 9 expus mais alguns problemas da ciência. Ora, a ciência é a base da CM; só por isso teríamos esta última também insatisfatória. Mas há outros problemas, não abordados pela ciência.
A noção de liberdade é uma das grandes conquistas da humanidade, de modo que, por exemplo, hoje a escravidão parece uma aberração – o que não era na Antiguidade: a República de Platão baseava-se em escravos; o Brasil foi o último país na América a abolir a escravatura, em 1888 (Darwin ficou revoltadíssimo ao vê-la nesse país em 1832); até a abolição, poucas pessoas daqui achavam que ela era desumana. Além disso, é um fato que qualquer pessoa pode observar seu próprio pensamento e constatar que é capaz de determinar livremente o próximo pensamento, pelo menos por alguns instantes. Essa auto-determinação leva à observação pessoal de que existe o livre-arbítrio no pensamento, sendo portanto uma forte indicação de que existem processos não-físicos no ser humano, já que, como citei na afirmação (b) do item 4, da matéria não pode advir liberdade. Como eu já citei no item 5, para maiores detalhes, ver meu artigo "Por que sou espiritualista", onde dou exercícios mentais para qualquer pessoa fazer pessoalmente aquela observação. Nesse artigo abordo ainda várias outras razões para adotar-se a CEC, como por exemplo uma questão fundamental, a da formas dos seres vivos; essas formas aparentemente seguem um modelo mental, não-físico, influenciando o crescimento do organismo e a regeneração dos tecidos.
Uma outra fonte de insatisfação com a ciência corrente e o materialismo em que ela se baseia é a hipótese ou crença na existência do acaso, como citei em 10.7. Para citar um exemplo local, o desastre entre o avião comercial da empresa Gol e o avião do tipo Legacy fabricado pela Embraer, ocorrido em novembro de 2006, teve uma sequência fantástica de coincidências, desde todo o histórico de vôo errado do segundo (incluindo o engano na aerovia e o desligamento do transponder), como o fato de a ponta vertical da asa dele ter cortado a asa do avião comercial como se fosse uma navalha: com algumas dezenas de centímetros de diferença de altura, ou alguns metros de diferença na distância horizontal, o acidente não teria ocorrido – imagine-se o que isso significa dentro da relativamente enorme aerovia que estava sendo seguida por ambos os aviões
Pondo-se a culpa de algo no acaso encerra-se a pesquisa. Certamente isso deve satisfazer àqueles que têm uma mentalidade simplista, mas não aos que querem compreender as coisas com mais profundidade. No caso de ações humanas, qual é a atuação do inconsciente das pessoas, principalmente em relação ao de outras, levando-as a situações de terem encontros importantes, "pegarem" doenças ou sofrerem acidentes, o que é comumente expresso pela expressão "destino"? Onde entra a liberdade humana, se existir um tal "destino"? Obviamente, essas questões escapam totalmente a uma CM, mas podem ser investigadas dentro de uma CEC, em que se pode de início duvidar do acaso físico (algumas causas podem não ser físicas) e partir da hipótese de que o ser humano pode ser livre.
A propósito, pondo-se a culpa de algo em Deus também encerra-se a pesquisa, como muito bem aponta Dawkins [DAW b, pp. 152, 154, 159, 160 já citadas no item 2.4].