17_02

20 CASOS SUGESTIVOS DE REENCARNAÇÃO - IAN STEVENSON


Proeminente, entre as questões com que se tem ocupado a pesquisa psíquica desde o seu inicio, tem sido a da sobrevivência da personalidade humana, ou de uma parte desta após a morte do corpo. As evidências “prima facie” da sobrevivência, de que a pesquisa psíquica tem se ocupado, são geralmente constituídas de ocorrências como fantasmas e aparições dos mortos, experiências de desdobramento e comunicações recebidas através de médiuns ou sensitivos, parecendo provir direta ou indiretamente de alguém cujo corpo havia morrido, mas cuja mente ou personalidade sobrevivia.

O conceito de sobrevivência, para o qual a evidência dessas espécies é relevante, seria o de sobrevivência após a morte física. Concebivelmente, entretanto, a sobrevivência, caso ocorra, deve tomar a forma de reencarnação imediatamente após a morte, ou, talvez, após um intervalo de existência desencarnada, Esta concepção não foi largamente alimentada no Ocidente, mas a sua racionalidade impressionou alguns dos mais eminentes pensadores ocidentais que a estudaram. Entre eles, na Antigüidade, estavam Pitágoras, Platão, Plotino e Orígenes; e, nos tempos modernos, Hume, Kant, Fichte, Schopenhauer, Henouvier, McTaggart, Ward e Broad.

Em 1660, um trabalho monumental, “A Critical History of the Doctrine of a Future Life”, foi publicado por um erudito clérigo unitarista, o Rev. W. R. Alger. Entre outras concepções de sobrevivência, o autor considera a idéia de que “quando a alma deixa o corpo, nasce novamente em outro corpo; sua posição, caráter, situação e experiências em cada vida sucessiva dependem de suas qualidades, feitos e conhecimentos adquiridos em suas vidas anteriores”. Relata que no Oriente os adeptos desta idéia atingem, no momento, a mais de seiscentos milhões. E, como explicação da “extensão e do apego tenaz a essa antiga e estupenda crença” acentua em 1980, na décima edição ampliada de seu trabalho, que “a teoria da transmigração das almas é maravilhosamente adequada para explicar o aparente caos da desigualdade moral da injustiça e dos diversos males ocorrentes no mundo da vida humana” (pág. 475).

É óbvio, entretanto, que essas virtudes da hipótese da reencarnação não a comprovam como verdadeira, pois o mundo realmente deve achar-se tão cheio de injustiças, desigualdades e males quanto parece demonstrar.

Então, se perguntarmos o que poderia constituir uma genuína evidência da reencarnação, a única resposta possível parece ser a mesma que se daria à pergunta: “De que modo podemos saber que vivemos dias, meses ou anos anteriormente?” A resposta é de que agora nos recordamos de ter vivido naquela época, neste ou naquele lugar ou situação e haver feito, então, certas coisas e adquirido determinadas experiências.

Mas, haverá alguém que se lembre de ter tido uma existência na terra, anterior à presente?

Posto sejam raros os relatos de tais afirmações, existem alguns. A pessoa que os faz é quase sempre, uma criança em cuja mente essas lembranças se apagam depois de alguns anos. Quando ela é capaz de mencionar fatos detalhados de uma vida anterior, da qual alega lembrar-se, fatos esses que uma eventual investigação comprova, embora ela não tenha tido oportunidade de conhecê-los de maneira normal em sua vida atual, então a questão com que nos defrontamos é a de como explicar a veracidade de suas memórias, senão pela suposição de que essa criança realmente viveu a vida anterior de que se recorda.

Os vinte casos dessas lembranças aparentes e na maioria verificadas, que o Dr. Stevenson pessoalmente investigou, relata e discute nos presentes Processos da Sociedade Americana de Pesquisas Psíquicas, não pretende ele resolvam a questão, mas a impõem categoricamente ao leitor e, por isso mesmo, são todos tão interessantes quanto o são os demais numerosos casos que sugerem a sobrevivência após a morte física, à qual a pesquisa psíquica tem dedicado intensa e demorada atenção.

C. J. DUCASSE, Chairman, Publications Committee American Socíety for Psychical Research